Esperança tardia.
Uma
casa simples e bonita na praia, janelas e portas amarelas. O sol a aquecia pela
manhã e despedia-se dourando a ilha. A noite era iluminada pela Lua e o rosto
triste dela ficava mais bonito na janela. Ali Julieta em crise fez sua morada,
fugia do passado. Era cantora, notava-se pelo canto afinado, às tardes ao pôr
do sol. Havia sempre um sabiá a lhe fazer companhia.
Vivia
só, até que na véspera de Natal pela tarde, apareceu um jovem à sua procura. Da
janela o viu, o sorriso acendeu, esfregou os olhos sem acreditar no que via. Foi ele seu amor, que a deixara por um projeto
na Europa. Por instante reviveu a triste partida com todas as incertezas.
Abriu
seu coração e a porta amarela. O sorriso de boas-vindas. Um longo beijo selou o
reencontro numa cena muda. Os olhos falaram por eles. Por instante a vida parou,
o sabiá cantou no telhado, chamando atenção. Ela entendeu o canto e cantou aquela
canção para deleite do amado.
Numa
manhã o sabia cantava triste a estranhar a janela fechada. O sabiá voou do
telhado para a janela. Bicava ruidosamente
a janela de Julieta. O silencio reinou. Um papel se viu pregado na porta, que
era bicado pelo sabiá, que desiludido voou para um coqueiro. No papel estava
escrito:
-Vendida.
Toninho
25/06/2021
Gratidão pela
leitura